terça-feira, 7 de agosto de 2007

Minhas Criações

Eis aqui algo que muito participará da minha vida, PRICIPALMENTE acadêmica: MEUS CONHECIMENTOS!

9 comentários:

Kassiana Santos disse...

Para que seja exposto suas fotos, o próprio autor tem que se destacar!

Kassiana Santos disse...

O difícil não é realizar uma tarefa que possa ser difícil, mas desistir dela sem ao menos ter tentado!

Kassiana Santos

Kassiana Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Vieira disse...

Falando sobre fotografia
de Luiz Ferreira

Estava navegando pela Internet quando me deparei com um texto de título poético: "As manhãs pequenas", da artista plástica Maria Helena Bernardes. Neste texto Maria Helena, entre outras coisas, falava sobre "uma geração de fotógrafos que saiu às ruas para investigar lugares e extratos humanos pouco visíveis na arte e na cidade. Precedidos pelo pioneirismo de Atget, artistas da chamada nova objetividade - corrente surgida no entre-guerras europeu e nos anos da Grande Depressão norte-americana - partiram em busca da 'significância das coisas ordinárias', segundo as palavras do fotógrafo Walker Evans".

Sou fã de Walker Evans - digo isso sem a pretensão de soar original, acho que todo mundo que gosta de fotografia também é -, e o menciono para falar da frase citada por Maria Helena em seu texto: "busca da significância das coisas ordinárias". Essa frase me fez "viajar" em seus significados e interpretações, porque traduz muito do ato fotográfico: a releitura do cotidiano, sua transcrição em uma imagem, a busca do significado de tudo o que há e de tudo o que está ausente no nosso mundo diário. Penso que muitas vezes somos incapazes de notar o que há de ausência no nosso cotidiano. A ausência é insinuante, preenche lacunas, ocupa espaços, é capaz de cegar. Nos limitarmos a ver o que se apresenta a nós, é um imenso desperdício. Exercitar o olhar para ver além e aquém do nosso dia-a-dia, nos enriquece. Nos faz intensificar esta relação espaço e tempo, que alguns chamam vida. E isso não é privilégio de fotógrafos, artistas plásticos e afins. Procurar ver, e não somente olhar; interagir, e não somente testemunhar; participar, no sentido de fazer parte do cotidiano, é a melhor maneira de se buscar o significado escondido atrás das coisas ordinárias.

Um ano novo nos move em intenções de comportamentos novos. Paradoxalmente, é uma tradição o que nos motiva a planejar fazer tudo diferente todo ano novo. Mas podemos aproveitar esta vontade genuína de mudar nosso comportamento e, como os fotógrafos da chamada nova objetividade, buscarmos a "significância das coisas ordinárias".

Este texto foi publicado na coluna "Falando de Fotografia", da revista Atelier, n º 89, de fevereiro de 2005.

Luiz Ferreira é jornalista, fotógrafo "free-lancer",
criador e editor da revista "Espaço Photo",
colunista da revista "Atelier - Guia de Artes Plásticas"
e Diretor de Comunicação da ABAF
e_mail: espacophoto@terra.com.br

Marcos Vieira disse...

Cântico negro

José Régio


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

Marcos Vieira disse...

VENDAVAL
Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,
Não achas, soprando por tanta solidão,
Deserto, penhasco, coval mais vazio
Que o meu coração!

Indômita praia, que a raiva do oceano
Faz louco lugar, caverna sem fim,
Não são tão deixados do alegre e do humano
Como a alma que há em mim!

Mas dura planície, praia atra em fereza,
Só têm a tristeza que a gente lhes vê
E nisto que em mim é vácuo e tristeza
É o visto o que vê.

Ah, mágoa de ter consciência da vida!
Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,
Que rasgas os robles - teu pulso divida
Minh'alma do mundo!

Ah, se, como levas as folhas e a areia,
A alma que tenho pudesses levar -
Fosse pr'onde fosse, pra longe da idéia
De eu ter que pensar!

Abismo da noite, da chuva, do vento,
Mar torvo do caos que parece volver -
Porque é que não entras no meu pensamento
Para ele morrer?

Horror de ser sempre com vida a consciência!
Horror de sentir a alma sempre a pensar!
Arranca-me, é vento; do chão da existência,
De ser um lugar!

E, pela alta noite que fazes mais'scura,
Pelo caos furioso que crias no mundo,
Dissolve em areia esta minha amargura,
Meu tédio profundo.

E contra as vidraças dos que há que têm lares,
Telhados daqueles que têm razão,
Atira, já pária desfeito dos ares,
O meu coração!

Meu coração triste, meu coração ermo,
Tornado a substância dispersa e negada
Do vento sem forma, da noite sem termo,
Do abismo e do nada!


Fernando Pessoa, 16-2-1920.

Marcos Vieira disse...

Invictus
by William E Henley
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

julialira disse...

Kassy...

Seu blog ficou muito bom, parabéns pelo seu trabalho...

Beijos!!

Nathália disse...

"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-Ias voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória”. Henri Cartier-Bresson